Maior tendência do ano

Uma tendência é uma inclinação ou preferência por determinadas coisas ou a fazer determinadas coisas.  Na arquitetura e na moda pode ser entendida como uma espécie de mecanismo social que regula as escolhas das pessoas, um estilo, um costume, uma orientação.

No ano de 2020, onde os acontecimentos nos forçaram a viver todo o tempo dentro de nossa casa, portanto, a maior tendência do ano é entender e saber valorizar ainda mais o nosso lar.

“Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente. Arrume a sua casa todos os dias… Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela… E reconheça nela o seu lugar”.

Carlos Drumond de Andrade

CASA versus LAR

Cabanas, domus, castelos, villas, palazzos, são denominações históricas do espaço unifamiliar. São representativas da arquitetura mais elementar, mais próxima e utilizável pelo ser humano, considerada a sua real terceira pele, logo após a epiderme e a roupa que o protege do meio ambiente onde vive. Entretanto, haverá uma palavra que, independente das classes sociais, sintetizará toda noção de habitação privada: a casa.

A palavra casa se confunde, frequentemente, ao uso da palavra lar, chegando às vezes a uma total sinonimia. No entanto, existem pontos relevantes que distinguem ambos os termos.

Primitivamente, o conceito casa surge durante o Império Romano como sinônimo de cabana, tugúrio, choupana, de característica rural, como antagonismo ao termo domus que indicava a habitação urbana. Domus nos deu domicílio. De domus originou-se dominius, “senhor”, porque o amo da casa era o senhor.

A progressiva degradação das condições de vida, o refreamento das atividades econômicas, as guerras e das pestes durante a Idade Média, reduziram as domus de pedra e mármore, até quase extingui-las por completo, multiplicando-se as casae de madeira e barro. Até o século X, e mesmo depois, as únicas construções em alvenaria foram os castelos e as igrejas. Na cidade, a igreja distinguia-se por suas dimensões e pela estrutura firme, merecendo o nome de domus, a casa do Senhor, tendo ao seu redor uma extensão miserável de casae. Desde então, chamou-se duomo (domo), domus, a morada de Deus e casa a morada humana.

Já o lar é uma condição complexa que integra memórias, imagens, passado e presente, sendo um complexo de ritos pessoais e rotinas cotidianas que constitui o reflexo de seus habitantes, aí incluídos seus sonhos, esperanças e dramas. O lar é onde nutrimos sentimentos e nos sentimos bem.

Ao entendermos a casa como a terceira pele individual, o lar é a pele coletiva, a que integra, protege e une todos os integrantes do ramo familiar ao redor de um foco centralizado, o focus, o fogo ardente, símbolo espiritual da união e da integração.

O tempo de viver nele chegou. Que o seu lar seja o seu mundo. Em tempos de quarentena, precisamos de casa, mas muito mais de lar!

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