Todo mundo tem o momento de parar e analisar a sua vida, o que anda fazendo e aonde pretende chegar. Durante o shut down do novo coronavírus, a maioria das pessoas conseguiu mensurar as métricas de suas vidas.
Eu mesma, aproveitando o tempo mais ocioso, conectei-me mais calmamente com meu interior, e percebi o quanto somos reféns da nossa inconsciência.
Conhecer meus limites. Fazer escolhas. Será que a liberdade se resume a isso?
Você controla o seu comportamento? O impulso de tomar as ações e decisões mais básicas se origina no cérebro pelo menos um segundo antes de estarmos conscientes.
Dentre as muitas armadilhas mentais que construímos para nós mesmos, poucas podem ser mais unânimes do que a ilusão de que somos livres, principalmente no âmbito mental. O ser humano não sente o que quer, mas sim o que é definido pelas condições que o rodeiam. Somos reativos, reagindo de forma automática aos impulsos que sentimos, num misto de ligeira consciência e instinto, onde este último ocupa lugar predominante.
Na arquitetura isso se acentua através da psicologia do espaço, onde estudamos o comportamento humano em suas interrelações com os espaços onde a vida humana transcorre. Os estudos afirmam que determinadas características do espaço construído têm um impacto significativo em nosso comportamento psíquico, algumas podendo provocar ansiedade, outras estimulando uma sensação de equilíbrio e serenidade.
Dado que as características dos espaços em que vivemos – ou trabalhamos – desempenham um papel fundamental na maneira como as pessoas se sentem e como elas se relacionam com o espaço, nós arquitetos podemos propor soluções que promovam uma maior qualidade de vida para nossos clientes, influenciando no bem estar físico e mental.
Precisamos estar atentos à alguns fatores dos ambientes em que vivemos. Ambientes que incorporam noções de equilíbrio, proporção, simetria e ritmo são capazes de provocar uma sensação de tranquilidade e harmonia.
As cores, por sua vez, possuem uma lógica muito simples, quanto mais quente a cor, mais compacto o espaço se revela aos nossos olhos, quanto mais fria, maior a sensação de amplitude. Cores também são capazes de provocar sensações de conforto ou estimular a comunicação entre as pessoas.
A luz é um universo em sí e depende muito da tipologia de espaço que estamos falando. Uma luz suave sugere um espaço mais introspectivo, enquanto uma luz mais intensa caracteriza um espaço mais extrovertido. A iluminação natural abundante é um excelente estímulo à produtividade e o bem estar físico e mental das pessoas.
Acontece que nem sempre somos conscientes de nossas reações e acabamos agindo sem saber porquê.
Liberdade só pode se caracterizar como tal quando deixamos de ser reativos e passamos a ser proativos, definindo nós mesmos o que fazer com os impulsos básicos que sentimos. Quando tivermos o poder de optar conscientemente por ser compassivo perante uma qualquer situação externa que deixaria todos os outros instintivamente irados.
A prática contínua e sistemática da meditação atua sobre a consciência e pode vir a nos ajudar a alcançar a liberdade legítima. Além dela, usar a psicologia ambiental ao nosso favor também irá favorecer para bons sentimentos e boa saúde mental.
Abrace a liberdade como um mindset. Não é apenas um direito, mas algo que você constrói e nutre apesar das adversidades.